quarta-feira, outubro 13, 2010

VOCÊ

Você que ama, você que sente o arrepio da existência
Compreende melhor o segredo que não é revelado,
Você que chora no calor do sol, e vibra nas loucuras da vida
Você que é um espectro, que tem alma de anjo,
Que olha o infinito da alcova, senta no divã e escreve poemas.
Você, breve infeliz, que veio ao mundo para servir de resistência, de telescópio, que observa e estuda.
Você que é arbusto no vento indomável, que joga cartas para alguém, lê o futuro, decodifica, ou quer ser entendido pelos deuses.
Você que é aquele, nunca este. Que está longe de lamentar e mendigar vaidade, homem fugitivo, mulher.
Você que reencarnou em uma coruja, que tudo vê, e anuncia. Que é peregrino em seu lar, que faz acordes para a sinfonia apocalíptica. Que sofre, sem temer, geme sem desesperar. Que se incomoda. Que não dá risada banal.
Você que não escreve por parágrafos, não obedece as regras gramaticais
Você é uma criança.
Você que segura o pecado, mas não sabe. Que guarda a chave da inocência, que se chama sem nome, que não sonha ambições, que ouve os gritos de si próprio.
Provavelmente, você tem um livro.
Você que não zomba da felicidade, e não tem definição pro ódio, que se encanta pelo olhar qualquer em um quadro de pinturas, que tem um santo, e que não tem.
Que se chama José, ou que encontrou o seu destino.
Você que não se importa com a tristeza
Mas, que a carrega, sobretudo,
Para não perder a razão.
Você que nasceu sem razão, sem amuleto, que não carrega conceitos,
E mata, e pratica a antropofagia, sem nexo, sem sexo,
Em total estado primitivo.
Você, que diverge,
Extasia-me.