quarta-feira, julho 06, 2011

Sobre o chão podre...

Eu tive um sonho onde eu te via ainda com esse sorriso aberto demais... Entregue, despido e sóbrio. Você aparecia como uma sombra, caminhando meus passos, seguindo meus movimentos, se alimentando da minha carne e ajustando minhas falhas. Me olhou diversas vezes com fome no âmago do olhar. O sonho se tornou pesadelo, quando fixei minhas mãos em tua cabeça e olhei profundamente teus olhos. Fitei-os. Acordei com uma idéia na mente, sentindo palidez no paladar, vazio no olfato e nojo na visão. Você foi. Desapareceu como um espírito arauto. Eu entendi, ok? Captei sua mensagem, nuvem breve. Dissipa-te, evacua-te. Não quero vê-lo em pesadelos novamente.
Tudo aconteceu muito rápido, mas você ainda me deixa lembranças. Ainda posso ouvir tua voz macia passeando em meus tímpanos, como o som de um violino amigo. Posso ainda sentir tua esquisitice, esta tão formal e sem muitas especificidades. Eu realmente posso.
Porém,
Tudo isso me desperta sensações comuns. E, de sensações comuns não possuo nem os sentidos.
Pensei que você pudesse ser mais. Te escrevi algo em momentos de encanto breve, mas não era encanto, era necessidade de se encantar. E quanto aos versos, nada que eu venha a trazer para meu conjunto de poemas. Não me doei. Sinto gratidão.
Odeio pensar em você hoje, porque só me causa sentimentos adversos.
Ainda memorizo sua dedicação. Mas, avisei sobre mim.
De qualquer forma, nossas energias estão vagando sobre aquelas fétidas ruas...   

quarta-feira, maio 25, 2011


Três reis disputam o trono
Três reis domam três cavalos
Por três noites, os três vagam
Três reis não sabem que os três
Mandam
Mandam nas três partes do coração
De uma tripulação de vozes
Que uma moça traz no peito.
Reis que roubam um senso só
Um seio só, de uma donzela só.
E que nó essa donzela tenta desatar...
Quanto pó há na estrada, quanto tumulto
No vulto dos três reis
Que domam três cavalos por três noites
E que não sabem que mandam nas três
Partes do coração de uma donzela
Que bela,
Ela não sabe da malícia
Ela não tem a medida
De até onde os três reis
Irão cavalgar,
 de até quando podem lutar.

sábado, janeiro 08, 2011

Posso brincar com as nuvens
Os loucos podem brincar
E eles têm imediatismo
São românticos
Certamente terão algo rasgado
Os loucos cospem no palácio
Não têm casas
São suas casas
Uma caneta é um cigarro
Um papel é um barco
Nunca correm riscos
Eles o fazem.
Os loucos têm espadas
E você não pode deter
A impaciência de um louco.
O louco um dia é chamado de louco
Descomedido, coitado.
E muita vez ele se regozija com isso.
Um louco também é visto
Como temperamental.
O melhor lugar para se encontrar um
É em lugares isolados,
Talvez inóspitos
Não porque ele seja sócio pata, esquerdista
Ou fugitivo,
Mas porque quase sempre ele está
Imaginando.
Discordando.
Um louco não habita seu lar,
Ele invade
Destrói seus conceitos,
Te faz confuso,
Te ama e te deixa
Mas ele volta e te faz feliz
Os loucos não planejam,
Eles precisam do mundo
E o mundo não precisa deles.
Eles voltarão para ver o ocaso
Eles tentam mudar o padrão
Mas, você insiste que não.
A idéia é uma nuvem.
Os loucos fazem dela imagens, artes
Brincam no seu âmago
Para torná-la talvez, melíflua aos paladares não aprazíveis.

sábado, dezembro 18, 2010

Solidão não se espera. Solidão se tem ou não se tem. Solidão da alma. Solidão é uma roupa, um adereço acompanhante a uma modelo que reina a passarela. Solidão se come, se bebe, se deita. Diariamente. Solidão do olhar, do salão de beleza. É a solidão dos homens, do ego. Solidão é o egoísmo. Ser sozinho é estar no centro, e se esquivar. Solidão combina com carros nos bulevares, com as mulheres em seus prostíbulos, com lojas, roupas em vitrines. Solidão combina com beijos carentes, homens hedonistas, com sadomasoquismo, e também, umbigo. Solidão é a ausência de algo ou alguém? Isso é egoísmo, logo deve ser também solidão. Por que almejar alguém ao lado? Sempre... Sempre... Aquela velha conversa de não ter a quem solicitar... De não ter atenção e cuidados para si. Isso é egoísmo, isso é solidão, isso é vácuo. Solidão é se importar em não ter, não possuir, não satisfazer os desejos da evasão materialista. Mas, isso não é pecado, é exercer a qualidade de ser ‘humano’.

quinta-feira, novembro 18, 2010

Novembro

Novembro cor de fumaça, chuva, medo, casas pálidas
Meus olhos fundos, uma pergunta, frio, casas pálidas
Rejeição, dúvidas, desamor, casas pálidas.
Mãos ávidas por calor, meus olhos cálidos.
Não me mate, ânsia
Dê-me afago, ânsia
Acalenta-me, sucumbo-lhe.
Eles se entregam cálidos nas avenidas
Entrego-me a mim, pálida.
Levo-me ao meu interior,
Queimo... Flâmula, fogo, afã.
Não me chamam,
Não há chama,
Palidez.