quarta-feira, dezembro 23, 2009

Morri


Morri naqueles olhos negros. Perdi o sossego... Desvinculei do corpo, passeei nos vales de ternura dos céus, me aprisionei no túmulo dos cegos, não enxerguei o oco, e, pouco a pouco, o sufoco ganhou raiz. Aqueles olhos negros assassinos. Lembro-me os tempos de menino, quando entrei no túnel da criancice e perdi-me da tolice humana. Saí da vida, experimentei a imparcialidade e morri novamente naqueles olhos negros. Não havia erros naqueles olhos negros, não havia dor e sofrimento, havia luzes no fim do infinito, à direita uma eternidade, à esquerda um imã. Morrendo na magnificência de uma incógnita, tornei-me verme hostil no solo desconhecido, mas amável, afável, palpável, confortável. As sinetas tocaram a melodia do mistério, não contive em tocar aquela suavidade, morri talvez com tanto júbilo, ou um tanto estúpido por morrer demais.

4 comentários:

TARCISIO LISBOA disse...

"Não havia erro naquele olhos negros"certamente é um dos versos mais fortes que já li, isto é Rimbaud com Florbela E Baudelaire
sem ser Rimbaud com Florbela e Bauderlaire,porque antes deste processo ele passa pela essência e a sensibilidades de Alice,tornando se único e vigoroso,ferido de mortal beleza.

Unknown disse...

Essa foi a que mais me tocou, de longe. Ah, lembrei sim dos tempos de menina, entrando nos inúmeros túneis infantis, tão distantes da fria "adultescência". Até que, enfim, olhamos nos malfadados olhos negros. Quem sobreviverá a eles?

multcriação disse...

Analisei minuciosamente seu poema
tentei entender o q pensava
axei interessante queria discutir sobre

multcriação disse...

Analisei minuciosamente seu poema
tentei entender o q pensava
axei interessante queria discutir sobre