quarta-feira, dezembro 23, 2009

A Ave e O Vento

Brandos, o vento e a ave deslizam soberanos no véu dos céus. Num tobogã de ares que se engolem tão memorosos, ambos amados, justos. Levanta vôo, ave plena, contorna vôo, vento vão. Completam-se em minuciosos detalhes. Almas parecidas num sonho atmosférico servil, onde se movem saciando desejos tão simultâneos. Invadem-se num encaixe de perfeição natural, não há mentiras entre si, somente a congruência de laços, abstrato e concreto, por sua vez, divinos. Quão imenso esplendor se resume a batida das asas alvas, acolhendo a leveza sublime do ar, seu homem. A mulher tão inibida ostenta em tua face um bico pontiagudo, convicta da sua entrega ao amor. E, ao fim de uma transa aérea, a ave arrepia-se de prazer com o assobio do vento. Cansada, senta-se em meio a um precipício a admirar o trabalho do seu tão destemido esposo, que, ao longe, suspira e espera o próximo e louco vôo da paixão.

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