quinta-feira, fevereiro 04, 2010

Teus olhos céticos

Fitei bolas de cristal cobertas de um negro pano
Onde o mistério reinava imperial e soberano
Numa província de atrevidos servos olhares
De uma jovem que deixou todos os altares

Incrédulas rosas que desabrocharam sozinhas
No palácio da sabedoria que o homem definha
Caindo as pálpebras num sono quase eterno
Num túmulo alvo de encantados olhos céticos

Um mar de carência perpetuava os negros olhos
E dentro as ondas submergiam seus sonhos
A brisa que voava na evasão dos ares reais
Juntava-se ao seio dos vãos olhos serviçais

Por de trás de todo o muro tácito e descrente
Um coração desmanchado e por vezes, distante
Os olhos céticos penetravam como duas insônias
Em uma longa fascinação sinfônica

Eu, que sobre júbilos gorjeio versos sonhadores
Entrego o dispor de uma vida aos teus temores
O que o universo separa através de reclamações
Unifica com fortaleza todas as hesitações

Os olhos céticos escondem a brancura do peito
Perante um mundo lapidado de desprezos
Talvez o medo, um obséquio da temeridade
Construa os vidros da subjetividade.

Olhos negros céticos profundos e carentes
Sonham no fundo da alma sonhos inocentes
A coroa da sabedoria reina sobre o coração
Tornando seus sonhos uma adormecida canção.


retirado do Conto "Teus olhos céticos", Alice Maria.

3 comentários:

Arthur Dantas disse...

Incrédulas rosas que desabrocharam sozinhas
No palácio da sabedoria que o homem definha
Caindo as pálpebras num sono quase eterno
Num túmulo alvo de encantados olhos céticos


gostei muito disso. Parabéns querida Alice, parte viva de Rimbaud na terra.

JuninhoGrande disse...

Sabe... A vida é feita de momentos e coisas estranhas,
Por vezes absurdas...
Que a perfeição é feita de erros e acertos!
Assim eu me orgulho de ver o quanto evoluiu em seus textos...
De forma que fico orgulhoso de, sei lá... de certa forma poder ter te ajudado no começo de tudo!

=)

Te adoro...
Linda!

Jéssica Rocha. disse...

Uma graça seus textos, Alice. Parabéns. Muito bons mesmo.