quarta-feira, abril 07, 2010
Nem sei o que escrever aqui
Quando todas as rosas morrem no jardim da solidão e as últimas pétalas são levadas pelo vento desiludido, o sol costuma ser negro, congelando os melhores júbilos do que um dia foi celebrado. As dores transformam-se em armas carregadas de lágrimas, que se atiram como solos de uma guitarra desalmada. Quando todas as soluções já foram dadas, quando todos os sonhos já foram sonhados e todas as respostas já não se encaixam nas perguntas. O revólver do coração. O ódio exaltado, o arrependimento e tudo que um homem abomina. A morte seria a única saída. A morte não é má quando o horizonte já não fica ao fim da linha reta, quando não é azul. “Há coisas piores para um homem que a morte”, há coisas piores do que ser alimento a seres que merecem viver. Existem segredos nos olhos do mundo, e muito mais, existem esqueletos de quem tentou invadir a plenitude da verdade com verdades falsas, hipócritas e podres. Não há verdade aqui. Espinhos, glórias e o sangue do desespero já foram derramados neste solo infértil, nessa sórdida destruição caótica do próprio Eu, a bomba atômica foi acionada, os escudos foram lançados ao rio e as lanças foram usadas como instrumentos suicidas. O terror da vida é a vida em terror. Já não há o que escrever nas poesias, não há o que relatar em textos, não há o que contar em histórias, as coisas se repetem e se desvalorizam, as mulheres se abrem e se fecham e se queixam, as mulheres não são amadas e os homens não fazem questão. O coração é um pequeno órgão sem função emocional, a cabeça é um tambor onde o capitalismo bate para sair o som ritmado em dinheiro. Dinheiro, dinheiro e mais dinheiro. É preciso apelar para a loucura de Nietzsche ou encontrar salvação na Bíblia. Esse caso nem Freud explica.
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Um comentário:
Não sei, mas seu poema me fez lembrar de repente um outro meu, muito curto, que dizia assim: Só existem três tipos de pessoas nesse mundo. Aquelas que conhecemos em um mês. Aquelas que conhecemos durante a vida inteira. E aquelas que, misteriosamente, nunca conhecemos de verdade".
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